Edifício de estilo Neoclássico, ainda com influência barroca, foi mandado construir no início do século XIX, por Luís Pereira Velho de Moscoso, Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, entre outras funções honrosa no seio da comunidade Monçanense. Este mandou edificar o Palácio da Brejoeira, numa antiga quinta de família chamada Quinta do Vale da Rosa.
Brejo significa matagal ou terras pantanosas. Acredita-se que parte da propriedade da Brejoeira fosse formada por terras alagadiças e o povo que tendia em facilitar os nomes das coisas acabou por chamar de Brejoeira a antiga Quinta do Vale da Rosa.
Embora a maioria dos dados da época indiquem que a construção do Palácio da Brejoeira terá tido início em 1806, como é o caso de José Augusto Vieira, no seu livro “Minho Pitoresco”,os registos de 1850 do Padre Câmara apontam que a construção terá sido iniciada em 1805 e concluída em 1834, “com enormes despesas as quase, atendendo à barateza da mão-de-obra na província do Minho, que por ventura de pode reputar pela terça parte da de Lisboa, a barateza dos materiais de construção e maior zelo no trabalho, talvez não orçassem em menos de 400contos” (Câmara, 1850).
Quanto ao término das obras os relatos também são inconclusivos, havendo cronistas que indicam que estas terminaram seis anos antes da data referida pelo padre, e ainda quem afirme que as obras foram interrompidas e nunca finalizadas. José Augusto Vieira, no seu livro, aponta para 1828, como o ano em que as obras terminaram.
A autoria do projeto também é marcada por dúvidas. Deduz-se que este será da autoria Carlos Amarante, no entanto as semelhanças com o Palácio da Ajuda, sugere a existência de influência de Arquitetos de Lisboa. Com certeza sabemos que a construção terá sido entregue ao Mestre Domingos Pereira, natural da freguesia de Sopo, Vila Nova de Cerveira, e as pinturas dos salões entregues ao Mestre Clemente, de Valença, e ao seu colaborador Julian Martinez.
O Palácio da Brejoeira foi construído em granito, em forma de L, com três torreões.No exterior coexistiam espaços verdes e a agricultura, aproveitando a abundância de água e a fertilidade do terreno.
Foi Simão Pereira Velho de Moscoso, de que pouco se sabe, quem terminou a obra de seu pai. Dele apenas se diz “que era um homem dado a serões festivos. Raro era o dia em que não havia hóspedes na Brejoeira” (Almeida e Laureano).
Muito se tem relatado sobre a vida faustosa do Palácio. Muitas pessoas que terão sido recebidas nesta moradia relataram uma amável hospitalidade e a presença de ilustres figuras da sociedade portuguesa como o Duque de Saldanha, Pinho Leal, D. António Alves Martins, bispo de Viseu, José Augusto Vieira, etc..
No “Minho Pitoresco”, José Augusto Vieira, amigo de Simão Pereira Velho de Moscoso, relata “um jantar num desses dias bem passados” desvelando o ambiente que então se vivia: “nos salões vastos cantou-se, dançou-se e fez-se música”, “Só quando a noite veio, noite de luar de verão, é que deixamos o palácio”. Descreve, ainda, a Brejoeira como “um canto do Paraíso”, “Comia-se bem e bebia-se; as sombras dos jardins eram frescas, os lagos tranquilos, os parques deliciosos! Mais deliciosas ainda a boémia do dono da casa! As nossas lembranças da mocidade marcam um desses dias bem passados” (Vieira, 1886).
Simão Moscoso faleceu em 1881, sem descendência. O Palácio foi herdado pelas famílias Caldas e Palmeirim de Lisboa, tendo sido colocado á venda, em hasta pública, 20 anos depois, sendo adquirido pelo Conselheiro Pedro Maria da Fonseca Araújo.
O Conselheiro Pedro Maria da Fonseca Araújo era um importante comerciante do Porto, presidente da Associação de Comercio do Porto e Conselheiro do Rei D. Manuel II. Este encontrou o Palácio em ruínas, encomendando a Ventura Terra, um arquiteto de Seixas, grandes obras de restauro. Algumas divisões forma alargadas, construiu um Teatro e um Jardim de Inverno, colocou painéis de azulejo, da autoria de Jorge Pinto, no átrio e escadaria, restaurou a maioria dos tetos de madeira para estuque e gesso e, em 1910, eletrificou o Palácio e instalou o Telégrafo, 6 anos antes de toda a região.
O Conselheiro Pedro Araújo procedeu, também, a um novo arranjo da quinta, sendo deste período a construção do frondoso bosque, que incluiu espécies exóticas, do lago e da gruta, da autoria de Jacinto de Matos, um horticultor do Porto.Foi nessa mesma época que a Quinta foi toda murada e que o Portão Principal foi construído.
O período entre 1903 a 1920 foi uma nova época de festas palacianas. Entre estas datas foram recebidos no Palácio da Brejoeira hóspedes ilustres, como o Arcebispo de Braga, D. Manuel Baptista da Cunha e o Infante D. Afonso (Tio do Rei D.Manuel II), em Junho de 1910.
Em 1937 o Palácio foi mais uma vez vendido, sendo adquirido pelo Comendador Francisco de Oliveira Paes para o oferecer a sua filha Maria Hermínia Silva d’Oliveira Paes, nascida em 1918. Foi esta quem reestruturou a propriedade e procedeu à plantação e comercialização do prestigiado vinho da casta Alvarinho, “PALÁCIO DA BREJOEIRA”.
A Brejoeira sempre produziu vinho, embora sem a importância que assumiu a partir de 1976, altura em que foi lançada a marca “PALÁCIO DA BREJOEIRA”.
Antes da instalação da vinha de Alvarinho,o vinho era destinado ao consumo familiar ou vendido a granel para pequenas mercearias, com as castas Bracelho, Pedral e Negrão (Vinhão).
Em 1964 a Senhora Dona Maria Hermínia d’Oliveira Paes procurou o Engenheiro João Simões de Vasconcelos, com quem se aconselhou, iniciando nesse ano,com a assessoria deste na vinicultura, a plantação dos primeiros hectares de vinho Alvarinho.Contou mais tarde com o apoio do Engenheiro Agrónomo Amândio Galhano, na enologia.
Já em 1974 a Senhora Dona Maria Hermínia d’Oliveira Paes construiu uma adega com todas as condições necessárias para a produção de vinho Alvarinho e dois anos mais tarde, em 1976, o seu sonho é realizado: é lançado o “PALÁCIO DA BREJOEIRA” Alvarinho, engarrafado na origem.
Maria Hermínia d’Oliveira Paes residiu na área privada do Palácio até à data do seu falecimento, que ocorreu a 30 de dezembro de 2015.
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